A pandemia está fazendo as pessoas buscarem mais atividade física por questões de saúde, não só pela estética. A rotina de exercício é muito importante, mas é preciso ter cuidado para não gerar nenhuma lesão ou desconforto, sempre contando com a orientação de um profissional.
Para entender melhor o assunto, conversamos com Adriana Cognolato, doutoranda da UNIFESP e especialista em reabilitação física e apontamos abaixo os principais pontos do aprendizado.
Mas afinal, existe diferença entre atividade física e exercício físico?
Atividade física – é qualquer movimento que tenha gasto energético, como passear com o cachorro, passar roupa, lavar louça.
Exercício físico – é um tipo de atividade física com planejamento envolvendo um objetivo, seja perda de gordura, ganho de massa muscular ou melhoria da condição cardiovascular. Esse exercício vai ser planejado em periodização e variar em volume, frequência, velocidade, intensidade de acordo com as condições de quem o estiver praticando.
Diabéticos não podem se exercitar. Verdade ou mito?
Mito. As pessoas com diabetes podem fazer exercício físico, inclusive é indicado para controle glicêmico, mas é importante fazer antes uma avaliação cardiológica. Além disso, o médico que trata o paciente diabético deve orientá-lo a entender os sinais do próprio corpo para o caso de uma hipoglicemia, por exemplo. Associações de exercícios aeróbios (pedalar, correr, caminhar) e exercícios resistidos (que envolvam força, musculação, Pilates) são indicados.
Pessoa com obesidade: como se movimentar estando isolada
O exercício físico é apenas um dos pilares no tratamento da obesidade. Neste momento de isolamento social, onde o ambiente obesogênico se faz mais presente, é importante ficar com o corpo mais ativo que conseguir: caminhe no quintal, dentro da casa, estipule um tempo ou número de passos, fazendo até uso de aplicativos. É importante criar metas diárias para se exercitar e permitir a manutenção do peso.
A função do exercício físico no metabolismo
Nosso corpo sofre ações de vários hormônios que são estimulados por causa da contração muscular, e isso leva o metabolismo basal a funcionar melhor, que é quando queimamos gordura. Ao fazer exercícios, ativamos essas células para queimar gordura, uma ação que acontece mesmo quando estamos parados.
O osso também sofre a ação da contração muscular e do impacto externo, cujos efeitos ficam no corpo e vão estimulando a remodelação óssea. Desde que não haja contraindicação, ações como pular corda ou fazer polichinelo, por exemplo, favorecem a ação dos hormônios melhorando a massa óssea e prevenindo a osteopenia e osteoporose.
Existe exercício físico para fortalecer os pulmões?
Sim, há exercícios específicos, mas sempre que fazemos atividades físicas simples como espreguiçar, é importante manter o foco na respiração: inspirar mais e expirar já favorecem uma melhora da condição respiratória. Encher bexiga e assoprar são estímulos para o pulmão, porém, não podem ser feitos por pessoas que já tenham alguma lesão no órgão nem por quem sofre de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). O ideal é conversar antes com um médico.
Gestantes devem ficar paradas?
Para aquelas que já faziam exercício, é importante que continuem fazendo, mas respeitando os limites da mudança do corpo. Mas quem não praticava nada antes, não é o momento de começar uma sequência de exercício físico. Apenas tente fazer os movimentos normais da rotina, buscando evitar a postura estática.
Para todos!
Aumento do padrão cardiorrespiratório, da produção dos hormônios (muitos deles que inibem a ansiedade e melhoram saciedade) e da função biomecânica são alguns dos benefícios do exercício físico regular.
Para a boa saúde do nosso corpo, é fundamental ‘quebrar’ as posturas estáticas, principalmente durante o confinamento: está fazendo home office e ficando horas no computador? Então tente fazer movimentos simples: levantar, se espreguiçar, mexer nas articulações das mãos ou até andar em volta da cadeira.
O exercício físico é importantíssimo para a prevenção de uma série de doenças endocrinológicas como obesidade, hipertensão, diabetes e osteoporose, só para citar alguns. Portanto, mesmo no momento de isolamento social, o recado é: fique em casa, mas mexa-se.
Fonte: Dra. Adriana Cognolato, doutoranda em Endocrinologia pela Unifesp, onde fez mestrado em Reabilitação e também especialista em Ginástica Médica pelo Instituto Pivetta, Milão (Itália).