Um Estudo da Universidade de Oxford, ainda em revisão e não publicado nas revistas científicas, indicou que a dexametasona em pequenas doses (6 mg oral por 10 dias) reduziu em 1/3 as mortes de pacientes com Covid-19 hospitalizados com doença grave.
Os especialistas da SBEM-SP alertam que esse medicamento tem efeitos colaterais severos e NÃO pode ser usado em pacientes leves ou como forma de prevenção.
“O indivíduo que é diabético, vai piorar o diabetes, o hipertenso tem descontrole da pressão arterial, outros ganham peso e podem ter muitos problemas quanto a isso”, alerta o Dr. Cláudio Kater, endocrinologista da SBEM-SP. “O uso desse medicamento não deve ser feito por leigos, tem que ter acompanhamento médico e não está indicado como prevenção e sim para indivíduos hospitalizados.”
Abaixo, segue na íntegra o Comunicado da SBEM Nacional sobre os riscos do uso indiscriminado e da automedicação com Dexametasona.
“A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) vem acompanhando atentamente todas as pesquisas e notícias relacionadas à evolução da pandemia pelo novo coronavírus. Dentre as publicações recentes sobre o tema, os resultados do Estudo Recovery (Randomised Evaluation of COVID-19 Therapy), chamam a atenção.
Os responsáveis pelo estudo publicaram uma breve nota com os principais resultados, ressaltando que o artigo com os dados completos está em fase final de redação. O estudo foi conduzido em 175 centros no Reino Unido e envolveu mais de 11.500 pacientes. Foi observado que a dexametasona na dose de 6,0 mg/dia utilizada por 10 dias demonstrou uma redução de mortalidade da ordem de 20 a 35% em pacientes hospitalizados por Covid-19 que necessitaram de terapia com oxigênio.
Os dados também demonstraram que a mesma terapia com dexametasona não se mostrou eficaz em reduzir a mortalidade em pacientes que não necessitaram de terapia com oxigênio. Portanto, não há qualquer indicação para uso preventivo ou ambulatorial da dexametasona em pessoas assintomáticas ou com quadros leves da Covid-19.
Deve-se enfatizar que o referido trabalho até o momento não foi submetido à revisão e, consequentemente, ainda não foi publicado. Porém, em função de sua ampla repercussão nos meios de comunicação, a SBEM presta os seguintes esclarecimentos sobre a medicação estudada.
A dexametasona é um medicamento do grupo dos glicocorticoides. Sua aplicação clínica é frequente, principalmente pelos efeitos anti-inflamatórios. Porém, além destes, sua ação glicocorticoide pode provocar vários efeitos colaterais, sendo os mais comuns a elevação da glicose do sangue (“diabetes”), elevação da pressão arterial, ganho de peso, edema (“inchaço”) e, com uso prolongado, osteoporose e insuficiência adrenal.
A SBEM alerta que o uso da dexametasona deve ser feito apenas mediante prescrição e acompanhamento médico pois, a depender do tempo de uso, também a sua retirada deve ser feita sob supervisão. Essa medida tem como finalidade permitir a adequada aplicação da medicação, considerando seus potenciais benefícios, mas não desprezando seus potenciais riscos. A autoadministração deste medicamento, assim como em outras situações de automedicação, pode ser acompanhada de graves efeitos adversos e riscos a vida, particularmente em pacientes dos grupos de risco da Covid-19, como os indivíduos com Diabetes Mellitus, hipertensão arterial e doenças cardíacas.”