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Hipotireoidismo no idoso traz desafios no diagnóstico e no tratamento

  • 25 de maio é o Dia Internacional da Tireoide
  • Interpretação cuidadosa dos exames é crucial

 

Conforme envelhecemos, vamos passando por inúmeras alterações metabólicas. Após os 60 anos, vários eixos hormonais sofrem modificações e o da tireoide é um desses eixos. “Nos últimos anos, temos constatado que, com o passar da idade, o TSH – hormônio da hipófise que comanda a tiroide e é usado como base para diagnosticar hipotireoidismo – vai aumentando. Então a concentração de TSH apresentado por um indivíduo de 20 anos, que pode sugerir um hipotiroidismo subclínico, para alguém acima de 60 anos pode ser perfeitamente normal para essa idade. Por isso, é preciso cuidado com os idosos na hora de pensar em tratá-los do hipotireoidismo tendo como base apenas um exame de TSH isolado”, ressalta Dra. Maria Izabel Chiamolera, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).

A endocrinologista pontua que fazer o diagnóstico do hipotireoidismo apenas por queixas clínicas é difícil em qualquer idade, isso porque os sinais de cansaço, intestino preso e pele mais seca, sintomas clássicos do hipotireoidismo, também são muito comuns em qualquer pessoa nos dias de hoje e isso faz parte do envelhecimento. Assim, os exames laboratoriais são essenciais para o correto diagnóstico de uma disfunção da tireoide como o hipotireoidismo.

Porém interpretar corretamente os exames pode ser o grande desafio, pois os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças ou até como sinais da senescência.

“Fazer limite de referência para exames de TSH no idoso é um desafio muito grande; hoje em dia usamos estratégias de big data usando os dados da população geral para determinar esse limite. O olhar cuidadoso deste exame evita ter de medicar um idoso sem necessidade”, explica Dra. Maria Izabel. Já existem alguns estudos brasileiros que comprovam que esse valor de referência de TSH para idosos precisa ser aumentado, mas isso ainda não está refletido na interpretação de testes de todos os laboratórios, portanto, entender este limite é sempre desafiador.

Tratamento – a levotiroxina é o medicamento usado no tratamento do hipotiroidismo, mas no caso dos idosos há outro desafio relacionado à absorção deste remédio, uma vez que outros medicamentos comumente usados nessa faixa etária podem alterar a absorção e o metabolismo da levotiroxina, dificultando o ajuste na dose. Entre esses remédios estão substâncias como sulfato ferroso, carbonato de cálcio e até os inibidores de bomba de próton, que fazem parte dos medicamentos usados para refluxo de estômago ou gastrite (entre eles o conhecido omeprazol).

O excesso de hormônio tireoidiano é muito prejudicial particularmente para o idoso, pois pode causar perda de massa muscular, perda de massa óssea, arritmias cardíacas – que nessa fase da vida já são mais frequentes. “Em Medicina existe o princípio básico primum non nocere, que significa antes de tudo não fazer o mal: então é preciso observar bem esse idoso e ver se as doses de levotiroxina não estão exageradas para realizar uma boa prática médica”, finaliza a médica.

 

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